Origens e povoamento
O povoamento da região começou com a Fazenda Aroeira, fundada em 1885, propriedade de Antônio Caetano Leite e Antônio Gonçalves Moreira. Em 1902, houve uma atividade importante de beneficiamento de algodão, o que ajudou a atrair mais pessoas para a localidade. Em 19 de julho de 1918 foi registrada a doação de terras para a construção de uma capela no Sítio Aroeira, marco para a consolidação do povoado. A inauguração da capela ocorreu em setembro de 1922, celebrada pelo padre Francisco Lopes de Souza.
Transformações administrativas
Em 18 de janeiro de 1962, foi criado o distrito de Bom Jesus, subordinado ao município de Cajazeiras, pela Lei Estadual nº 2.779. A emancipação política de Bom Jesus aconteceu em 5 de novembro de 1963, pela Lei Estadual nº 3.096, conferindo-lhe o status de cidade (município). A instalação oficial como município ocorreu no início de 1964.
O MUNICÍPIO DE BOM JESUS
História e Formação Sociocultural
Pioneiros e desbravadores
Há aproximadamente 150 anos, a fronteira entre os estados da Paraíba e do Ceará ainda era esparsamente povoada, com alguns poucos sítios e vilarejos começando a prosperar. Foi no centro desta fronteira, numa mata fresca e pontilhada de aroeiras, que um casal de desbravadores aportou e fez dali sua morada. O senhor Antônio Caetano Leite e sua esposa, Francisca Maria de Jesus, deram a esta paragem o nome daquelas árvores tão presentes na paisagem: nascia assim a Fazenda Aroeira.
Por volta de 1885, a Fazenda Aroeira começava a se consolidar por meio da agricultura e pecuária de subsistência. Com a natural expansão da família e a chegada de parentes à vizinhança, novas moradias foram surgindo nas redondezas, aos poucos transformando a fazenda num sítio. Seu Caetano viveria até a data provável de 19 de março de 1900, ano do inventário de seus bens. A casa de taipa do pioneiro seria deixada para a esposa e alguns filhos menores de idade, que passariam a reformá-la e expandi-la.
Segundo narra o professor e historiador bom-jesuense Elienêr Dantas, a morte de Antônio Caetano fez com que sua esposa arrendasse parte das terras da família a meeiros. À época, o sertão paraibano vivia o ocaso do ciclo do algodão e parte da agricultura realizada na região do sítio Aroeira se dedicava a esta cultura. Com as longas secas e a inevitável decadência das plantações, a casa grande foi vendida ao agropecuarista Sebastião Bandeira de Melo, que enxergava bom potencial na fibra ali produzida, então chamada de algodão preto ou mocó.
De acordo com o libelo historiográfico "Aroeira - Fatos e Personagens da História de Bom Jesus", de autoria do Professor Eliomar Brito, foi só a partir de 1915 que a comunidade começou, de fato, a se desenvolver. 1915 foi o ano da criação da Diocese de Cajazeiras, cidade a qual Bom Jesus pertenceria até sua emancipação política em 1963. Foi também o ano em que o Sr. Sebastião Bandeira de Melo instalou no povoado a primeira usina de beneficiamento de algodão, elevando os ganhos com a produção local.
Com a chegada da Diocese a Cajazeiras, houve um aumento significativo no número de padres e as visitas aos sítios, bem como as celebrações católicas, passaram a ocorrer com frequência. De cavalo, pelas estradas carroçais, ou muitas vezes a pé, os padres vinham prestar todo tipo de assistência aos camponeses da região. Foi numa dessas visitas que Francisco Lopez de Souza, o Padre Lopez, entusiasmou-se para construir uma capela no sítio Forquilha, nas cercanias do sítio Aroeira.
Após sua posse na paróquia Nossa Senhora da Piedade, em 11 de fevereiro de 1917, o Padre Lopez sugeriu a obra da capela à Diocese, mas por algum motivo desconhecido o local da obra foi trocado: ao invés do Sítio Forquilha, a capela iria para o Aroeira, e assim foi decidido.
A Capela do Sagrado Coração
A reunião para marcar o local da capela contou com todas as famílias do povoado. Destas, a Diocese de Cajazeiras recebeu um terreno de 200 braças de comprimento por 100 de largura, medida que correspondia a 32 tarefas. Segundo o Professor Eliomar de Brito, os doadores desta área foram Antônio Gonçalves Moreira e esposa, Pedro Carlos de Morais e esposa, Agostinho Gonçalves e esposa, José Antônio Leite, João Vieira Amorim, Mariano Caetano Leite, João Caetano Leite e Cândida Maria Leite, conforme registro de imóveis do Cartório Antônio Rodrigues Holanda, em 19 de julho de 1918.
Uma vez demarcada e desflorestada, a área recebeu os marcos testemunhos da capela e toda ela passou a pertencer à Diocese, que coordenou sua construção movimentando não apenas a mão de obra local de Aroeira, mas de outros sítios vizinhos. Com as dificuldades inerentes à época, os camponeses realizavam mutirões e trabalhavam incansavelmente, produzindo tijolos e telhas ali mesmo e mandando buscar, com ajuda de carros de bois, as madeiras do teto e das portas no sítio Baraúna, do Sr. Antônio Dias, que ficava a trinta quilômetros dali.
A obra durou quatro anos, passou pela grave seca de 1919 e foi concluída em 1922, recebendo o nome de Capela do Sagrado Coração de Jesus. No decorrer da obra, o povoado recebeu diversas festas religiosas, além da visita de tropeiros que traziam produtos e notícias, e provedores de serviços que às vezes ficavam por dias hospedados no sítio. Neste tempo, novos moradores foram chegando e a cultura local foi enfim tomando forma, com a realização das primeiras corridas de cavalo, dos reisados, dos caretas do Judas e do teatro de bonecos.
Identidade e memória das primeiras décadas
Ali surgiram também as primeiras expressões musicais, inicialmente com a banda Cabaçal, grupo de pífanos (ou pifes), taróis e zabumbas formado quase inteiramente pelas famílias Abel e Dantas, além de diversos tocadores de sanfona e foles de oito baixos que ajudavam a animar as novenas, quermesses e leilões da capela.
Foi neste caldo cultural que cresceu o menino Alfredo Ricardo, órfão de pai e mãe que vivia de apanhar algodão e conduzir tropas de burros para Cajazeiras. Na década de 20, ainda adolescente, Alfredo Ricardo partiria para servir no mesmo batalhão de exército que receberia, na década seguinte, outro rapaz de nome Luiz Gonzaga. No fim dos anos 30, com suas emboladas e cantorias que divertiam e emocionavam os praças, Alfredo acabaria sendo chamado para cantar na Rádio Tupi, sendo rebatizado pelos radialistas com um pseudônimo artístico que faria história: Zé do Norte.
Por décadas, o sítio Aroeira conservou a simplicidade dos sítios de então, vendo pouco progresso e qualquer novidade com muito entusiasmo. Às vezes, também com certo temor. Foi assim em maio de 1927, no caso em que mais de cinquenta membros do bando de Lampião, incluindo ele próprio, se instalaram no Sítio Logradouro, vizinho ao Aroeira, e ocuparam algumas casas.
Conta-se que, antes de partir, Lampião recolheu suprimentos, deu garantias de paz e ainda recrutou três homens, que lhe seguiram de bom grado para o próximo destino, o Canto do Feijão (atual Santa Helena). Ali teria havido um grande tiroteio com mortes para os dois lados, incluindo a de um líder local que optou por resistir. Quanto aos daqui que foram embora, pelo menos um retornou a salvo: o Sr. João Luciano, um dos poucos cangaceiros que viu a velhice.
Em 1939 surgiu em Aroeira o primeiro time de futebol, que levava o mesmo nome do sítio, e os amistosos entre os povoados da região tornaram-se comuns. Surgiram também os primeiros comércios, como a barbearia do Sr. Bilac, a bodega de Pedro Menino, o café de Dona Belina... E vieram também os primeiros professores, o Sr. Joaquim Umbelino, a Sra. Maria Singular de Brito (Dona Singular) e o Sr. Clóvis Araripe (Mestre Clóvis).
Em meados da década de 40, o sítio Aroeira mais se assemelhava a um vilarejo, com ao menos quatro ruas catalogadas, a Rua do Ceará (do lado de lá da fronteira), a Rua da Paraíba, a Rua do Nascente e a Rua Sebastião Bandeira de Melo. Havia também a praça Coração de Jesus, futura Praça da Matriz, e a Travessa da Capela, que completavam a paisagem bucólica daquelas primeiras décadas.
De Distrito a Município
Não há como contar a história de Bom Jesus sem dedicar um capítulo ao médico baiano Júlio Maria Bandeira de Mello. Diplomado pela Universidade Federal da Bahia, Dr. Júlio mudou-se de Salvador para o sertão paraibano em 1953, aos 27 anos, para atender no SAMDU (Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência) de Cajazeiras. Logo após desembarcar, procurou exercitar mais uma paixão que trazia consigo: o jornalismo, por meio do qual tornou-se um crítico do então governador da Paraíba pela UDN, José Américo de Almeida.
Com os textos somados à dedicada atuação como médico dos pobres e das crianças, Dr. Júlio Bandeira ganhou reconhecimento e, na primeira oportunidade, elegeu-se vereador municipal. Recém-empossado, uma de suas primeiras petições foi pela transformação do Sítio Aroeira em Distrito, o que garantiria mais serviços à localidade que crescia na fronteira com o Ceará.
Em 1955, com a aprovação do projeto, o vilarejo Aroeira passou oficialmente a se chamar Bom Jesus, recebendo da comarca de Cajazeiras o título de Distrito e tendo anexado ao seus limites os demais sítios da região, incluindo a grande comunidade que despontava às margens da rodovia mais próxima, o Sítio São José.
O nome Bom Jesus foi uma homenagem ao padroeiro da capela do Sagrado Coração de Jesus, símbolo e orgulho maior do antigo Sítio Aroeiras. Com a promoção a Distrito, o então prefeito de Cajazeiras, Sr. Antônio Cartaxo Rolim, trouxe para a localidade o primeiro motor de energia a óleo e estendeu sua rede elétrica para todas as ruas. Quando não faltava diesel, todas as noites Bom Jesus se iluminava das 18h às 21h, e assim permaneceria até 1969, ano da chegada da energia da hidrelétrica de Paulo Afonso.
Em 1955, Antônio Cartaxo Rolim inaugurou, ainda, o primeiro grupo escolar, com duas salas de aula, dois banheiros e uma cantina. Deu-lhe o nome de Antônio Gonçalves Moreira, um dos pioneiros da terra, nome que ainda permanece no espaço que hoje sedia o único museu de Bom Jesus, além de uma biblioteca escolar. Foram anos de franco progresso para o novo Distrito que, apenas 8 anos depois, no dia 5 de novembro de 1963, novamente por meio do vereador Dr. Júlio Bandeira, conquistaria sua emancipação político-administrativa, tornando-se Município e conservando o mesmo nome de sua Igreja Matriz. No ano seguinte, nas primeiras eleições municipais, Dr. Júlio se tornaria o primeiro prefeito de Bom Jesus (19641969), cargo pelo qual jamais aceitaria receber salário.
Instalando a prefeitura com recursos próprios, Dr. Júlio construiu grupos escolares, urbanizou praças, implantou telefonia e a infraestrutura para receber a eletricidade da CHESF, construiu uma biblioteca e, sem deixar a profissão de médico, atendeu pessoalmente os moradores mais humildes.
Assim, a Terra das Aroeiras desbravada há quase um século e meio era agora uma cidade. Seus hábitos e peculiaridades se destacavam sobretudo pela forte religiosidade do seu povo. Costumes como o jejum e a reclusão da Sexta-feira Santa, o Banho de Resguardo no açude Bebedouro, ou mesmo a fé nos ditames do Profeta Zuza Brito, eram traços de uma identidade que se afirmava aos poucos, fundando em Bom Jesus uma nova comunidade sertaneja orgulhosa de suas raízes e muito disposta a preservá-las.
Hoje, em sua sexta década de emancipação, Bom Jesus ainda conserva algumas testemunhas oculares de seus primeiros anos, além de objetos e documentos das famílias pioneiras que aqui fizeram morada. Há, no entanto, muito trabalho a ser feito para preencher as lacunas históricas e tornar este acervo ainda mais acessível para as novas gerações. Canções, poesias, livros, pinturas, fotografias, documentários... não importa o meio: o melhor caminho para o enriquecimento da identidade sempre foi, e continua sendo, a celebração comunitária da memória.
A cultura Bom-jesuense
Em 1968, meio ao acaso, teve início em Bom Jesus uma de suas mais famosas tradições: a corrida de jegues. Segundo narrou o professor Eliomar Brito, a ideia surgiu como uma brincadeira dele com o amigo Gérson Carlos que, ao verem um grupo de tropeiros apearem em frente ao bar de Zuza Brito, sugeriram a competição para o carnaval daquele ano. A ideia deu certo e a corrida de jegues virou atração obrigatória do carnaval bom-jesuense, inclusive ocorrendo mais de uma vez em alguns anos.
As décadas seguintes testemunharam muitos outros marcos históricos para a cultura municipal. Em paralelo à resistência às secas e aos desafios econômicos, tivemos a fundação e construção da Escola Cenecista Joaquim Umbelino de 1978 a 1984; o surgimento da Banda Municipal Eliomar Brito em 1982, mesmo ano do retorno de Zé do Norte para apresentação em sua terra natal; vimos a primeira publicação do jornal municipal Notícias na Fronteira em 1985; a formação do Coral da Igreja com o Maestro Esmerindo Cabrinha em 1988; e o surgimento do premiado Grupo Teatral Força Jovem, considerado um dos maiores da Paraíba, em 1989. O grupo permaneceria reunido até 1992, ano em que sediaram em Bom Jesus uma mostra regional de teatro, evento que marcou época.
A partir dos anos 90, tivemos grandes festas juninas, como a de 1994 com a presença dos sanfoneiros Joãozinho do Exu e Chico Amaro; tivemos, em 1997, o lançamento do livro Pérolas da poesia, do poeta local Gérson Carlos de Morais; e festejamos os sucessos do cantor Evandro Terra e dos grupos Cabeça Chata e Trio Mandacaru, que agitavam os eventos locais. Tivemos as cantorias patrocinadas pelo ex-prefeito Auremar Lima Moreira e testemunhamos o auge do trio de forró Cuscuz com Ovo, depois rebatizado como Forró da Gabriela, que por mais de uma década reuniu em sua formação nomes como Zé Baixinho, Cícero Dino, Zé Raimundo, Cláudio de Cornélio e o próprio Eliomar Brito, conhecido pelos amigos como Lirinho. Todos estes nomes são hoje reconhecidos pelo poder público como Mestres da Cultura bom-jesuense.
Com a virada do século, veio a memorável festa municipal com Joquinha Gonzaga, herdeiro de Luiz Gonzaga, e a primeira Festa do Padroeiro do Sítio São José, ambas realizadas em 2002. Tivemos, em 2005, no Sítio São José, a fundação da Companhia de Artes Aroeira, grupo de teatro surgido na Igreja que vem há 20 anos produzindo dezenas de peças e eventos culturais. Em 2012, foram realizados os primeiros Arraiais da Educação, evento junino em que, todos os anos, os estudantes da rede municipal apresentam-se em quadrilhas de São João. 2012 também foi o ano de criação da banda Hall, que se destacava pela versatilidade de estilos, indo do pop rock ao samba reggae, passando pela MPB e pelo forró regional.
Em 2013, a Banda Municipal retornou de um longo hiato com a condução do músico Solonier Dantas, o Maestro Zezê. Sob sua direção, tivemos também as primeiras apresentações da Orquestra de Frevo Talismã, que duraria até 2020, além de ensaios e apresentações de uma Orquestra de Flautas Doces e um Quarteto de Saxofones. Também em 2013 houve o início dos encontros de blocos de rua com a fundação do bloco UAU!, que permanece como o maior do município.
2015 foi particularmente profícuo para a cultura bom-jesuense. Naquele ano, por iniciativa das professoras-artistas Cristiane Teodoso e Izabel Cristina, foi criado o Grupo de Teatro e Dança Raios de Luz e formada a primeira turma de balé da Escola Maria do Carmo. Vieram então a primeira Semana da Criança, o evento Afro-Luz (dia da Consciência Negra) e o Natal de Luz, importantes adições ao calendário municipal por obra das tias Cris e Bel.
Ainda em 2015, com a expansão do carnaval, a festa bom-jesuense passou a ser chamada de Bonja Folia e outros eventos foram progressivamente sendo acoplados à sua programação, tais como o concurso de rei e rainha e o carnaval infantil, mais uma criação de Cris e Bel que em 2018 passaria se chamar Bonjinha Folia. Foi também a partir de 2015 que a tradicional festa da emancipação (ou festa do município), celebrada a 5 de novembro, passou a contar com uma semana de programações esportivas e culturais, entre as quais a realização da Cavalgada Tropeiros de Aroeira, evento anual que logo se tornou parte do calendário regional.
Em 2017, com a bem-vinda cobertura da Corrida de Jegues por parte da grande mídia nacional, cada vez mais turistas passaram a comparecer ao Bonja Folia. A expansão das festas juninas municipais, por sua vez, deu origem ao evento São João do Bonja, que hoje reúne não apenas as celebrações de rua, mas também as escolares, seja na zona urbana ou rural, e dos grupos de convivência do serviço social do município.
As políticas públicas de educação, serviço social e esporte são importantes vetores de cultura, e em Bom Jesus isso não é diferente. Ao longo dos anos diversas iniciativas advindas desses setores têm ajudado a movimentar e enriquecer a cultura municipal. A começar pelo campo educacional, com projetos como o Teatrando na Escola, Do Sertão à Sala de Aula, Leitura e afeto, Arte e cultura na Escola, Cultura Afro-brasileira, a Semana Mundial do Brincar e vários outros.
Na assistência social, os grupos de convivência de mulheres, idosos e adolescentes participam de atividades artísticas, tais como as aulas de zumba do grupo de mulheres Força Feminina e o São João do CRAS, que coloca o grupo da melhor idade para dançar forró. Projetos como o Cine CRAS levam cinema itinerante para a zona rural do município, enquanto o projeto Empodera mulher promove apresentações femininas no centro da cidade. Datas especiais, como Carnaval, Dia das Mães, dos Pais e Natal também não passam em branco, com festividades organizadas a partir deste setor.
No esporte, Bom Jesus conserva uma bela tradição na arte marcial do karatê, que há três gerações forma competidores acostumados a trazerem medalhas e troféus para o município. Em 2025, graças a esta tradição, Bom Jesus realizou a III Copa Sertão de Karatê, considerado o maior evento esportivo da história do município e sendo reconhecido, pela Federação Estadual de Karatê, como o maior evento do estado, com 318 inscritos nesta edição. Eventos amadores de vôlei, futebol de campo e salão, além de rotas de ciclismo, motocross e corrida, são exemplos de ações comunitárias que promovem a cultura esportiva. A Maratona Feminina do Distrito São José, por exemplo, já vai na décima primeira edição.
Esta lista aqui descrita não se exaure. São muitos os marcos e eventos que a história de Bom Jesus registra desde a fundação do município em 1963 e antes. Ao tempo em que os preserva na memória, também busca jamais parar de crescer e trazer novidades às suas manifestações. A pequena pausa forçada pela pandemia entre 2019 e 2021 foi superada com grande entusiasmo e, desde então, pudemos observar que, para além das tradições já estabelecidas, novos e marcantes festejos têm surgido, tais como o Festival Artistas da Terra (2021), o Festival São João na Rede (2023) e as apresentações da Quadrilha Junina Sensação Nordestina (2023), que neste ano levou o nome de Bom Jesus para toda a Paraíba.
Em 2024, com grande destaque, Bom Jesus realizou as duas maiores festas públicas de sua história em termos de público. A festa do padroeiro do Distrito São José levou cerca de 3.500 pessoas ao Distrito cuja população não chega a 600 pessoas. Em novembro, durante a Semana do Município, a prefeitura realizou a primeira edição do Bonja Fest em alusão ao aniversário de emancipação. Reunindo setores públicos e privados, o evento alcançou o maior público já visto na cidade: cerca de 12 mil pessoas. 2024 também foi o ano em que a Companhia de Artes Aroeira realizou a primeira edição do Festival Aroeira de Quadrilhas Juninas, evento que atraiu juninas de toda a região para o ginásio recém-inaugurado do Distrito São José. A Quadrilha Junina Sensação Nordestina, por sua vez, voltou a encantar os palcos da região, se apresentando inclusive no Maior São João do Mundo (Campina Grande).
Em 2025, a tradicional Corrida de Jegues chegou à sua sexagésima edição e foi reconhecida, pela Câmara Municipal, como Patrimônio Imaterial Cultural do Município. A segunda edição do Festival Aroeira e a 1ª Mostra de Teatro Força Jovem, por sua vez, mostraram que a inovação cultural permanece uma tendência entre a juventude.
Em Bom Jesus, artistas locais têm sido frequentemente prestigiados nos eventos culturais municipais, mas aos poucos surge aqui uma produção independente e talentosa que leva a nossa arte, sobretudo na música, no teatro e na dança, para patamares cada vez maiores. A cada novo evento, novas memórias e tradições vão se criando e fortalecendo a identidade local. Pois este é o sentido mais profundo da Tradição: não cultuar as cinzas, mas manter o fogo da cultura aceso.
Infraestrutura física
Em nosso município, os principais espaços disponíveis para apresentação e fruição cultural continuam sendo os ambientes escolares, os ginásios, as praças públicas e as igrejas.
Na zona urbana, temos a recém reformada Escola Estadual Joaquim Umbelino, que conta com uma pequena biblioteca e um ginásio; a Escola Municipal Maria do Carmo, que possui pátio e salas amplas, um ginásio bem estruturado e um anexo com biblioteca; e o Ginásio Municipal Francisco Sales Duarte, o maior de Bom Jesus, que tem sido bastante utilizado em eventos culturais e esportivos.
Temos, ainda na sede, o palco cultural Eliomar de Brito, localizado no Mercado Público e dedicado a pequenos eventos; a Sala de Música Mardelon de Freitas Rolim, sede da Banda Municipal; a Praça Auremar Lima Moreira, que costuma sediar eventos eclesiásticos; e finalmente a Praça Antônio Rolim, a praça da Matriz, que tem sediado a maior parte dos eventos públicos de grande porte.
E há, por fim, o projeto recém aprovado da Praça de Eventos de Bom Jesus, em vias de ser construída.
Na zona rural, as principais estruturas estão localizadas no Distrito São José, no qual temos a Escola Municipal José Roque de Sousa e o novo Ginásio Sérgio Pereira de Sousa, além da Praça Rômulo Gouveia, esta última bastante utilizada para apresentações culturais. Há também, no sítio Cacaré, a Escola Municipal Júlio Dias, que oferece um pequeno pátio adequado para pequenas atividades.
Destacamos, por fim, as igrejas do município, que têm sido desde sempre grandes celeiros culturais: as Igreja do Sagrado Coração de Jesus e a Capela do São José, de religião católica, e as evangélicas Assembleia de Deus, Igreja Metodista Ortodoxa, Missão Evangélica Ide e Pregai e Nova Canaã. Todas estas congregações possuem bandas e corais, além de espaços de apresentações, que influenciam positivamente no desenvolvimento musical de seus membros.
Aspectos políticos e de gestão pública
No aspecto da gestão pública, no exercício de 2025, o Poder Executivo bom-jesuense é composto pelo Gabinete da Prefeita, pela Procuradoria Geral e as seguintes Secretarias Municipais: Administração, Agricultura e Meio Ambiente, Articulação Política, Comunicação, Cultura, Desenvolvimento Econômico, Desenvolvimento Humano e Social, Educação, Finanças, Gestão e Planejamento, Infraestrutura, Juventude, Esporte e Lazer, Licitações e Contratos, Mulher e Diversidade Humana, Receita Municipal, Saúde e Transportes.
Sob administração do Executivo, Bom Jesus possui, ainda, um Instituto próprio de previdência social (IPASB), uma Junta Militar, duas Unidades Básicas de Saúde, uma base do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e um Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), estando este último presente na cidade e no Distrito São José.
O Poder Legislativo, por sua vez, é composto por uma Câmara Municipal composta por nove vereadores que se reúnem todas as terças-feiras, em sessões realizadas na Casa Legislativa José Gonçalves Moreira. Atualmente, os principais partidos políticos com atuação do município são o PP (Partido Progressistas) e o PSB (Partido Socialista Brasileiro).
Há, por fim, a presença de uma delegacia da Polícia Militar, que reporta ao 6º Batalhão de Polícia Militar do município de Cajazeiras, sendo este também a sede da Comarca que representa o Poder Judiciário dos municípios de Bom Jesus, Cajazeiras e Cachoeira dos Índios.
A questão territorial
Localizado no Alto Sertão da Paraíba, Bom Jesus é o décimo menor município do estado, com população estimada em 2.286 pessoas (IBGE, 2022). Essa estimativa, no entanto, não leva em conta as centenas de pessoas que vivem em Bom Jesus, mas que pertencem oficialmente ao município de Ipaumirim, localizado no centro-sul do Ceará.
É um fato curioso: ocorre que Bom Jesus está localizado precisamente na fronteira entre os dois estados. A linha que define a divisa passa no meio da zona urbana de Bom Jesus, de modo que boa parte da população atendida pelas instituições da cidade paraibana pertence, oficialmente, ao estado vizinho do Ceará e ao município de Ipaumirim, que por sua vez reconhecem esta região como um distrito rural, o Distrito Aroeira, apesar desta possuir as mesmas características e utilizar a mesma infraestrutura da zona urbana de Bom Jesus.
Para Bom Jesus, esta divisão implica em um grande desafio administrativo, uma vez que os recursos federais para custear gastos e investimentos é calculada de acordo com o tamanho de sua população segundo o IGBE. Entretanto, a população atendida pela prefeitura de Bom Jesus é bastante superior, visto que, para os habitantes do Distrito Aroeira, é muito mais conveniente usufruir das escolas, postos de saúde e demais serviços públicos de Bom Jesus e da Paraíba, tais como água e eletricidade.
Mesmo com este desafio, as instituições de Bom Jesus nunca impuseram obstáculo aos cidadãos cearenses, de modo que temos um fenômeno curioso em que a população de votantes em Bom Jesus é maior do que a população de moradores. Entretanto, pela atestada carência de serviços que só as administrações municipal e estadual cearenses poderiam ofertar, tais como esgotamento e segurança pública, o dilema territorial permanece no aguardo de uma solução para estes cidadãos.
Geografia
A aproximadamente 500km da capital João Pessoa, Bom Jesus se situa no extremo oeste do estado paraibano, a cerca de 318m acima do nível do mar. Além da fronteira com o município cearense de Ipaumirim (oeste), é também vizinho dos municípios paraibanos de Santa Helena (norte), Cajazeiras (leste) e Cachoeira dos Índios (sul).
Com acesso direto à BR 230 e às rodovias estaduais PB 417 e PB 420, Bom Jesus possui um Distrito legalmente reconhecido: O Distrito São José, além de diversos sítios e comunidades. Em ordem alfabética, as atualmente comunidades reconhecidas são: Cacaré, Catolé, Escurinho, Extrema, Forno velho, Forquilha, Laranjeiras, Logradouro, Mastruz, Mata fresca, Morada Nova, Mulungu, Santa Maria, São Félix, Serragem, Timbaúba, Trapiá I (também conhecido como Trapiá dos Zumbas), Trapiá II, Umari e Xerém. Outras duas importantes comunidades são atendidas e se consideram parte de Bom Jesus, mas pertencem oficialmente ao lado cearense: Sossego e Macambira. Devemos citar, por fim, sítios históricos que foram cobertos pelas águas durante a construção do Açude Lagoa do Arroz: Ferreiros e Santana.
Com estações secas e chuvosas, Bom Jesus faz parte do Semiárido Brasileiro, possuindo média pluviométrica anual de 459mm (AESA, 2024) e com temperatura média variando entre 32,5°C e 19,9°C. Está inserido nos domínios da bacia hidrográfica do Rio Piranhas, Sub-Bacia do Rio do Peixe. Seus principais tributários são os riachos do Batuque e do Cipó, todos de regime intermitente. Suas principais fontes aquáticas tanto para consumo quanto para o sustento da produção agrícola e pecuária são os açudes Lagoa do Arroz, Escurinho e o Açude de Bizé. Atualmente, a área total da unidade territorial é de 47,367km² e a densidade demográfica: 48,26 hab/km² (IBGE 2022).
Economia
Em 2025, Bom Jesus tem como principal atividade econômica o comércio advindo da agricultura, da pecuária e da pesca, além de uma pequena produção industrial. Na agricultura, o cultivo de milho e feijão predominam, com um histórico sazonal de produção de arroz e algodão. Na pecuária e criação, a produção de leite e carne, com fabricação esporádica de queijo, além de pequenas criações caprinas e apicultoras, se somam à pesca de água doce, realizada nos açudes locais. A produção de cerâmicas, tijolos e churrasqueiras de concreto resumem a produção industrial de baixo valor agregado. No setor terciário, destacam-se as empresas de prestação de serviço e comércio varejista de pequeno porte: mercadinhos, lojas diversas, lanchonetes, farmácias, padarias, bares, lava-jatos, serviços autônomos gerais e um posto de combustíveis.
Educação
No aspecto educacional, em outubro de 2025 a rede municipal de ensino de Bom Jesus é composta por duas escolas municipais e uma creche, além de diversas extensões rurais e urbanas, a exemplo dos antigos grupos escolares. Uma escola estadual também atende ao município no nível de ensino médio, ao passo em que mais duas pequenas escolas e uma creche estão sendo construídas em convênio com o governo estadual, previstas para serem inauguradas nos próximos meses. Parte importante da população educacional frequenta escolas das cidades vizinhas, Cajazeiras e Cachoeira dos índios, além das faculdades e universidades de Cajazeiras.
Características urbanas
Cortada por uma longa avenida que se conecta à PB 417, Bom Jesus possui diversos pontos de encontro comunitário. Destaca-se, no centro da cidade, a bela Praça Prefeito Antônio Rolim, também conhecida como Praça da Matriz, que abriga a Quase-paróquia do Sagrado Coração de Jesus. Nela, ou ao seu redor, concentra-se boa parte dos eventos culturais de Bom Jesus.
Há também a Praça Academia da Saúde, que fica ao lado do Mercado Público, e a Praça Auremar Lima Moreira, sendo ambas equipadas para realização de exercícios físicos. Outras duas praças menores margeiam a avenida: a Praça José de Brito Irmão, também conhecida como pracinha do cemitério por ladear a necrópole municipal, e a Praça Sebastião Bandeira de Melo, na qual reside a pedra fundamental de Bom Jesus. Há, por fim, a praça do Distrito de São José, bastante utilizada para eventos culturais e eclesiásticos.
Com quatro ginásios municipais e diversos campos abertos, Bom Jesus possui alguns espaços para práticas esportivas, sendo o futebol, o karatê e o vôlei as modalidades mais praticadas. A caminhada, a corrida e o ciclismo também são hábitos populares, mas há poucos espaços adequados para isto.
HINO DO MUNICÍPIO
O Hino de Bom Jesus
O Hino Municipal de Bom Jesus celebra a simplicidade e a grandeza desta terra, exaltando sua inserção no sertão paraibano, a esperança simbolizada pelo verde e pelo sol, a paz do seu povo e a beleza de seu horizonte. Mais do que uma canção, é um testemunho de amor à terra natal e de orgulho coletivo.
Música e Letra: Eliete Gonçalves de Brito
Arranjo musical: Maestro Esmerindo Cabrinha
Agosto de 1988
Bom Jesus tu és tão pequenina
Mas pertence ao nosso Brasil!
Por teus filhos tu és tão amado.
Bem guardado num berço febril!
Num pequeno recanto do Brasil
Pusestes o teu coração
És Nordeste e também Paraíba
És um braço do nosso sertão
Tens o verde também da esperança
Tens o sol que em teu seio reluz
Tens o brilho também das estrelas
És amado por nós Bom Jesus!
Tens a paz do teu povo querido,
Tens o afeto do trabalhador!
Solo quente e horizonte tão lindo!
És um símbolo de paz e amor!
Brasão Municipal
O Brasão Municipal
O brasão de Bom Jesus é o símbolo máximo da identidade e representatividade da cidade. Ele deve constar em documentos oficiais da Prefeitura e da Câmara Municipal, bem como em placas de inauguração, medalhas honoríficas, condecorações e outras peças administrativas. Seu uso por entidades privadas ou pessoas físicas depende de autorização do Poder Executivo.
No centro do brasão encontra-se a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, origem do nome do município. À sua esquerda estão duas aroeiras-gêmeas, lembrando a natureza original e a divisa com o Ceará. A presença de um casal em carroça, acompanhado de dois jumentos, homenageia os primeiros desbravadores e simboliza a tradição dos tropeiros.
O brasão também reúne referências ao açude, às aves da região, à Serra da Cheirosa e à estrada que segue em direção ao sol, simbolizando esperança, energia e um futuro próspero.
Externamente, destacam-se os ramos de algodão florido, primeira cultura agrícola que prosperou na região; o laço de fita, em alusão à mulher rendeira da canção de Zé do Norte; as ponteiras da Igreja Matriz; o castelo, símbolo de defesa, segurança e virtude; e a cruz, que reafirma a devoção do povo ao Sagrado Coração de Jesus, padroeiro do município.
Bandeira Municipal
A Bandeira Municipal
A bandeira de Bom Jesus é um dos símbolos maiores da nossa identidade. Ela reúne elementos que representam a história, a cultura e as características geográficas do município, sendo motivo de orgulho para todos os bom-jesuenses.
Suas dimensões seguem a proporção oficial de 9:13, podendo ser confeccionada em diferentes tamanhos, desde que respeitadas essas medidas. A bandeira está presente em eventos cívicos, patrióticos e oficiais, sendo hasteada em prédios públicos e privados, escolas, templos, espaços esportivos e demais locais de convivência. Também pode ser conduzida em desfiles, utilizada em materiais gráficos e exposta em solenidades de caráter especial.
O uso da bandeira segue normas protocolares: deve sempre estar posicionada à esquerda da Bandeira Nacional nos hasteamentos e, em desfiles, marchar ao lado da bandeira do Estado, um metro atrás da Bandeira do Brasil. Por representar o município, é obrigatório que seja tratada com respeito não podendo ser alterada, produzida fora dos padrões oficiais ou utilizada em mau estado de conservação.
Na sua composição gráfica, a bandeira traz dois triângulos nas cores verde e amarelo, em referência direta à bandeira nacional e ao pertencimento de Bom Jesus à Nação Brasileira. Uma faixa branca diagonal atravessa o campo, simbolizando o compromisso da cidade com a paz.
*A Bandeira de Bom Jesus, assim como o brasão municipal, nasceu de um trabalho de pesquisa histórica coordenado pela Secretaria Municipal de Cultura. Os estudos foram conduzidos pelo historiador Eliener Dantas, inspirados pela memória do geógrafo Eliomar de Brito, com a idealização do desenho pelo Secretário de Cultura, Daniel Magalhães.